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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

NÃO PALAVRA ARTETERAPIA NO CONTEXTO DO ATENDIMENTO SOCIAL


 Por Milena Medeiros - Volta Redonda,  RJ

 milolmedeiros@gmail.com

 

Novembro é o mês de aniversário do Projeto de ATENDIMENTO SOCIAL - NÃO PALAVRA ARTETERAPIA.  Somos um programa de atendimento social, a serviço da saúde mental de adultos, na modalidade continuada e, cá estamos no movimento do comemorar – felizes, intensos e motivados – afinal se trata de um projeto que nasceu do desejo de composição de mais um "braço" de trabalho, a partir de uma   história muito especial que se iniciou no ano de 2013, com a criação do blog "Não Palavra" pela fundadora e coordenadora Eliana Moraes.

O "Não Palavra" Arteterapia foi se desenvolvendo, ganhando os espaços presencias e também os virtuais.   Sempre com a proposta de pensar e contribuir para a Arteterapia como saber, prática e profissão, o “Não Palavra” Arteterapia expande-se a cada dia em equipes e parcerias - ampliando os projetos dentro de suas zonas de influências.  Dessa forma, o corpo "Não Palavra" que se constitui em: 1. Atendimentos Clínicos, 2. Cursos e Grupos de Estudos em Arteterapia, 3. Pensando a Arteterapia (publicações de textos e ciclo de palestras), 4.  Workshops (formatos variados), compôs há exato um ano, o "quinto braço”, apresentando O ATENDIMENTO SOCIAL EM ARTETERAPIA – ONLINE.

          Como Pensar a Arteterapia sempre foi uma das premissas do Não Palavra, Pensar a Arteterapia no Contexto do Atendimento Social foi o caminho primeiro de desenvolvimento desse programa. Assim, criamos um Laboratório de Experiencias vividas para ouvirmos dos profissionais da área de psicologia e de diversos segmentos terapêuticos: “O que significa a ajuda social partindo de sua profissão?” Envolvemo-nos a partir de então no contexto “ajuda” por profusas pesquisas e práticas piloto, processos importantes de adaptação e refinamento com o intuito de testar a viabilidade de uma exclusiva solução de proposta apresentada para a modalidade de atendimento social, destinado a pessoas que estejam com a necessidade de atendimento terapêutico, e que no momento não tenham disponibilidade de acesso a um profissional ofertado pelo mercado. E, hoje ao completar um ano de vida, encontramo-nos em expansão gradativa, equilibrada e estruturada como um organismo vivo que é – desenvolvendo-se pela postura de um olhar ampliado às interações entre todos os pilares que compõe esse “quinto braço” de trabalho do “Não Palavra” Arteterapia.  Ou seja, como pessoas e profissionais que somos seguimos cocriando condições favoráveis entre todos e em benefício de todos os envolvidos: Não Palavra Arteterapia, Colaboradores/Rede de apoio, Pacientes/Clientes e o Coletivo nosso de cada dia. 

Através desse movimento de trabalho interno e cíclico experimentamos a vida em sua diversidade e em sua grandeza, pois com humildade oferecemos na ajuda profissional o que temos e nada além do que o paciente/cliente deseja receber. E tal base nos faz entender que a ajuda Social no nível da relação terapêutica entre ajudante/Arteterapeuta e ajudado/paciente é recíproca. Afinal somos “ajudantes” adultos, diante de outros “ajudados" adultos em busca de apoio/soluções. Adultos esses que não chegam isolados ao setting Arterapêutico, mas sim com todas as circunstâncias externas e internas que dizem respeito a sua origem (família) e ao seu histórico (experiencias relacionais consigo, com o outro e com a vida).

 O sábio concorda com o mundo tal como é, sem temor e sem intenção. Está reconciliado com a efemeridade e não almeja além daquilo que se dissipa com a morte. Conserva a orientação, porque está em harmonia, e somente interfere o quanto a corrente da vida o exige. Pode diferenciar entre: é possível ou não, porque não tem intenções. A sabedoria é o fruto de uma longa disciplina e exercício, mas aquele que a possui, a possui sem esforço. Ela está sempre no caminho e chega à meta, não porque procura. Mas porque cresce. (HELLINGER, 2015, p.9) 

E a forma sobre como o ajudante olha, vê, sente e se prepara para o processo terapêutico com o paciente/cliente  permitirá a ambos: um  ambiente vulnerável aos muitos fenômenos de transferência e contratransferência, entre eles,  a  promoção do   Arquétipo da ajuda,  que é a relação entre pais e filhos,  ou a  uma atuação livre   em movimentos  “para o mais”, fomentando a  ampla integração de processos que levam o profissional da ajuda a  abrir  mão de métodos e rijezas, intenções e   medos, para que possa perceber o além de suas costumeiras ideias, aplicando a  sua capacidade precisa e também imagens internas e inusuais sensações, inerentes a todos nós seres humanos e que são adequadamente ampliadas quando o foco de nosso trabalho abrange as dinâmicas psicológicas. A seguir, uma poesia em texto no processo de observação, percepção, compreensão, intuição e sintonia pelas lentes do psicoterapeuta, do teólogo e filósofo alemão Anton Hellinger: 

A percepção percebe simultaneamente várias coisas, abrange com a vista, ganha uma impressão do todo, vê os detalhes ao seu redor e no seu lugar. Entretanto, no que diz respeito aos detalhes, ela é imprecisa. Este é um lado da percepção. O outro é que ela entende o observado e o percebido. Ela entende o significado de uma coisa ou de um processo observado e percebido. Ela vê, por assim dizer, por trás do observado e percebido, entende o seu sentido. Portanto, acrescenta-se, à observação externa e à percepção, uma compreensão. A compreensão pressupõe observação e percepção. Sem a observação e a percepção também não resulta a compreensão. Ao contrário: sem a compreensão, o observado e percebido permanece sem relação. A observação, a percepção e a compreensão compõem um todo. Apenas quando atuam juntas é que percebemos, de forma que podemos agir de um modo significativo e sobretudo, também ajudar de um modo significativo. Na execução e na ação aparece ainda, frequentemente, um quarto elemento: a intuição. Ela tem afinidade com a compreensão, assemelha-se a ela, mas não é a mesma coisa. A intuição é a compreensão súbita da próxima ação a ser realizada. A compreensão é, muitas vezes, geral, entende todo o contexto e todo o processo. A intuição, pelo contrário, reconhece o próximo passo e por isso é exata. A relação entre a intuição e a compreensão é semelhante à relação entre a observação e a percepção. A sintonia é a percepção que vem de dentro, em um sentido amplo. A sintonia também está direcionada a uma ação, de maneira semelhante à intuição, principalmente a uma ajuda que conduz à ação. A sintonia exige que eu entre na mesma vibração do outro, que chegue à mesma faixa de onda, sintonize com ele e, assim, entenda-o. Para entendê-lo, preciso também entrar em sintonia com sua origem, principalmente com seus pais, mas também com seu destino, suas possibilidades, seus limites — também com as consequências de seu comportamento (...). Em sintonia, eu me despeço de minhas próprias intenções, meu julgamento (...) e daquilo que ele quer, do que eu devo e preciso fazer. Isso quer dizer: eu chego à mesma sintonia comigo e com o outro. Dessa forma, o outro também pode entrar em sintonia comigo, sem se perder. Também posso estar em sintonia com ele e permanecer em mim mesmo. Não me entrego a ele, em sintonia com ele conservo a distância e, exatamente por isso, posso perceber precisamente o que eu posso e devo fazer, quando eu o ajudo. (HELLINGER,, p. 15).

 

 

Colagem Digital com base na obra de “O Falso Espelho” de Rene Magritte (1928) 

             O ATENDIMENTO SOCIAL NÃO PALAVRA ARTETERAPIA acredita que ajudar é uma arte, portanto uma habilidade que pode ser aprendida e praticada. Assim, como um laboratório da BOA AJUDA e com critérios estruturantes na prática do atendimento Social,  seguimos no trabalho minucioso de forma livre em nossos limites saudáveis - atuando com o olhar ampliado para o Todo – prioritariamente para nós profissionais da ajuda do Atendimento Social Não palavra -  que com foco nos pilares necessários para que se mantenha a postura interna com a qual escolhemos ajudar: Supervisão Clínica, estudos continuados e terapia pessoal  regulares, assim como o estreitar relações profissionais na ampliação de uma rede de apoio consistente para o paciente/ciente, estejamos  a serviço da vida e da saúde mental de forma equilibrada disponibilizando assim a base de ofertar , somente aquilo que temos e nada além do que o paciente/cliente deseja receber. 

  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

Hellinger, Bert. Ordens da ajuda / Bert Hellinger; tradução de Tsuyuko Jinno-Spelter — Patos de Minas: Atman, 2005.

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Sobre a autora: Milena Medeiros


Coordenadora do Projeto Não Palavra Atendimento Social 

Arteterapeuta AARJ1122

 

Com mais de 15 anos de experiência em Gestão de Pessoas e Negócios no mercado Corporativo, hoje atua com a Arteterapia nas empresas. 

Practicioner em PNL Programação Neuro Linguística pelo Instituto Espaço Ser/SC; 

Certificada pela UNAT-Brasil - 101 Introdutório Oficial de Análise Transacional. Abordagem psicológica de Erick Berne que trata de maneira prática e compreensível os aspectos mais importantes da personalidade e das relações entre as pessoas; 

Certificada em Visão Sistêmica Organizacional - Systemic Team Awareness - Mundo VUCA (Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade); Metaforum Internacional SP 

Certificada - Visão Sistêmica com base Psicoterapêutica de Bert Hellinger; 

Graduada em Gestão de PMES - Universidade Metodista de SP. 

Um comentário:

  1. Milena,
    Parabéns pelo excelente texto e aproveito para parabenizar o Não Palavra por mais um projeto que já é sucesso !
    Um forte abraço, Claudia Abe

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