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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

BARALHO DE SENTIMENTOS E SEUS CONTEÚDOS TERAPÊUTICOS


Por Vera de Freitas - RJ

verafguimaraes@gmail.com


          Trabalhar com os sentimentos, com as emoções e a subjetividade do ser humano, passa do desafio para o arteterapeuta para ser um trabalho complexo, muito rico, interessante e acima de tudo surpreendente, pelo fato de sermos seres únicos, individuais, com reações e manifestações próprias para cada estímulo apresentado. Quantas vezes nos percebemos espantados com a transformação, com o novo olhar ou mesmo com as reações e atitudes inesperadas de alguém que acompanhamos, estimulamos e observamos?

            Foi em um desses momentos de espanto, num atendimento de grupos arteterapêuticos, que pude observar quando uma pessoa muito rígida e bastante negativa, verbalizava exatamente o oposto de tudo que expressava nas imagens, apesar do longo tempo participando do grupo, já familiarizada com os exercícios, estímulos, atividades e as produções plásticas. A princípio você pensa que houve alguma transformação, mas não, simplesmente é possível o uso de palavras descontextualizadas, ou automáticas numa resposta positiva, sem um contato verdadeiro.

            A partir daí entendi a importância de nomear cada sentimento, saber do que falamos e por que falamos. Foi assim que experimentamos algumas dinâmicas com cores e linhas para representar o que realmente se sente. Olhamos e analisamos o que sentimos. E como resultado desses exercícios, dessa atividade de prestar atenção ao que se sente, encontramos resultados significativos para os participantes, como o orgulho, a animação, o otimismo, a motivação, etc.

            Por isso seguimos com esse tema, confeccionando cartas e o baralho de sentimentos, com estímulos variados e algumas linguagens que poderiam auxiliar no aprofundamento, e no encontro de significado e expressão. E assim se deu.



            Primeiro com a produção de cartas, com algumas atividades para a escolha e representação do sentimento. Cada carta, um sentimento, uma imagem. Com interferência do desenho de linhas de determinadas cores, e a escrita criativa, espontânea – alternativas e sugestões para a melhor compreensão daquele sentimento, facilitando o que se pode expressar e trazendo mais clareza.

            Com algumas cartas prontas, passamos a trabalhar o seu próprio baralho, ou seja, os seus próprios sentimentos. E com inúmeras e diferentes dinâmicas, poderíamos nos ver, nos perceber e mesmo escolher modificar.

            Um trabalho muito delicado, sutil e individual. Experimentamos diversos exercícios, estímulos, linguagens tanto para confecção de cartas como para sua utilização, de forma terapêutica, para análise de si mesmo, para o autoconhecimento e a possibilidade de fazer as mudanças que acharíamos convenientes para uma vida emocional e psiquicamente mais saudável.

            Algumas das propriedades e características terapêuticas deste trabalho de confecção de cartas, ou construção do seu baralho de sentimentos são: a ordenação, a síntese e a integração. A documentação, a organização e a compreensão. Além de ativar a expressividade, o olhar e a autoanálise, promovendo diálogos internos.

            Já as propriedades oriundas das atividades relacionadas à utilização das cartas, que servem de estímulos geradores para inúmeras possibilidades terapêuticas, dependerão de cada proposta, porém sempre fazendo uma conexão com conteúdos inconscientes, acessando a função intuição, nossa voz interior e especialmente elaborando e trazendo notícias importantes para a consciência.

            Trabalhamos durante vários encontros, muitas atividades, de acordo com o desejo e/ou a necessidade do grupo, muitas descobertas, várias conclusões. Experimentaram, compartilharam assuntos dos mais variados, mergulharam e se encontraram.

            Os grupos produziram lindos baralhos, falaram de importantes sentimentos e muitos conseguiram se perceber de uma nova forma. Com respeito, aceitação e autocuidado.

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Sobre a autora: Vera de Freitas 



Advogada, Fomação e Pós Graduação em Arteterapia (POMAR)

Cursando Pós Graduação Envelhecimento Ativo (POMAR)

Administradora do Instituto VENHA CONOSCO - Tijuca, RJ

Professora de Iniciação Artística - Instituto ZECA PAGODINHO

Facilitadora de Grupo de Arteterapia  para adultos, atendimento individual e Grupo de Desenho Livre.

Ateliê  de PAPEL MACHÊ

Um comentário:

  1. Amei a idéia. Já estava em busca de algo assim,mais autoral e pessoal e não com emojis. Vou propor com coragem.

    Gratidão pela partilha. 🌷

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