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segunda-feira, 13 de maio de 2019

REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA E OS MATERIAIS EM ARTETERAPIA



Por Juliana Mello – RJ
entrelinhas.artepsi@gmail.com


Dando continuidade ao meu trabalho clínico com mandalas, unindo a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Arteterapia (LER PRIMEIRO TEXTO AQUI), utilizei o papel vegetal e o lápis de cor aquarelável para representar o funcionamento de nossa reestruturação cognitiva.
A terapia cognitivo-comportamental trabalha com a dinâmica de que pensamentos geram emoções que influenciam os comportamentos. Neste ciclo, temos as consequências que irão reforçar os pensamentos. Os pensamentos disfuncionais fazem com que todo o ciclo também seja disfuncional.


Para representar como pensamentos, sentimentos e comportamentos influenciam um ao outro, utilizei no atendimento clínico tais materiais, que são improváveis de utilização juntos, pois esse tipo de lápis requer o uso de água, o que não é o mais indicado para o papel vegetal.
Os pacientes já possuíam tempo de experiência com o trabalho de mandalas, descrito no texto anterior. Pedi que desenhassem sua própria mandala e que posteriormente fosse colorida com o lápis de cor aquarelável, trabalhando a ação e as escolhas pessoais.
Neste primeiro momento, conversamos sobre a sensação que tiveram ao colorir no papel vegetal, em comparação aos outros papéis. Como resultado, as pacientes MC (13 anos) e J (32 anos) acharam bem mais fácil este material e as outras duas P (27) e V (53 anos) descreveram que foi preciso muito esforço para concluir a tarefa, sentindo-se desconfortáveis. 
Mandala 1, paciente V.

Esta etapa mostra como cada pessoa tem a sua percepção e que ideias diferentes fazem parte do processo, não sendo nenhuma das opções certa ou errada. Comentei sobre as sensações entre as participantes, que se surpreenderam com a opinião contrária das outras.
MC. realizou a atividade com tranquilidade, sem sentir desconforto em nenhum momento. Com ela, está sendo trabalhada a ampliação de possibilidades de socialização, com foco em desenvolver habilidade social. A paciente J. sentiu-se confortável para colorir, porém esta apresenta o sabotador controlador, deixando-a desconfortável com o “movimento” realizado no papel, conforme a quantidade de água que vai sendo colocada. A paciente P. conforme ia colorindo, apresentou cansaço e respiração ofegante, realizamos a atividade em dois dias. Colocou bastante água no centro do papel, que em pouco tempo, enrolou suas laterais. Na etapa da água, sentiu-se mais confortável. E com V. foi necessário realizar a atividade duas vezes, pois na primeira mandala a mesma sentiu “medo” em pintar com a água e não quis arriscar o resultado, ficando quase imperceptível o uso da água. Depois que conversamos sobre o processo, na sessão anterior, foi realizada novamente a atividade, porém ainda preocupada com as cores borrarem e o trabalho ficar “feio”. Por isso foi apresentada acima, como um exemplo da atividade antes da utilização da água.
Ao utilizar a água, elemento que trabalha a emoção, o papel vegetal foi ganhando um novo formato, enrolando e se tornando mais granulado, perdendo sua forma lisa. E não somente as partes em que foi utilizada a água, mas toda a extensão do papel sofreu alteração em sua forma. 
Paciente V.

Paciente J.

Paciente P.

Paciente MC.

Aqui, foi possível perceber, que trabalhando com um dos elementos, os outros serão também reestruturados. Por exemplo, é possível flexibilizar o pensamento tornando mais funcional, que as emoções e os comportamentos também sofrerão mudanças. Assim, através da mudança da textura da mandala é possível trabalhar o autoconhecimento e ampliar a visão sobre si mesmo, melhorando a autoestima.
Além disto, é importante lembrar que, não vivemos isolados do mundo e que somos influenciados pelo mundo externo, assim como influenciamos ele. Umas das dúvidas apresentadas no consultório é se é possível modificar o outro, através de uma reestruturação cognitiva pessoal. Em uma relação estímulo e resposta, ao ser apresentada uma nova resposta, automaticamente o estímulo “solicita” uma alteração no comportamento. Isto é, através de uma mudança pessoal é possível influenciar algumas características do outro, ressaltando que, em essência, o outro só se reestrutura cognitivamente se assim o quiser.
Sendo assim, nesta técnica é possível perceber este diálogo interno com o externo através da mudança de toda a textura do papel vegetal e, não somente, no mandala, onde é utilizada a água.
Referências Bibliográficas:
Thase,Michael E.; Basco,Monica Ramirez; Wright,Jesse H. Aprendendo Terapia Cognitivo-comportamental - Um Guia Ilustrado – Artmed – 2008.

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Sobre a autora: Juliana Mello 


Juliana Mello
Psicóloga, Arteterapeuta e Coach
Atendimento clínico  individual e grupo om criança, adolescente, adulto e idoso.
Abordagem em Terapia Cognitivo- Comportamental e Arteterapia
Palestras e Workshop motivacionais.


4 comentários:

  1. Como já tenho o hábito de fazer pinturas, principalmente de mandalas, achei interessante para treinarmos a concentração e automaticamente focar a mente no presente.

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  2. Parabéns...Ju
    Texto maravilhoso...

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  3. Parabéns Ju, feliz pela sua evolução, novas possibilidades de aprender e sensibilidade para perceber.
    Bjos

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