Por Juliana
Mello – RJ
entrelinhas.artepsi@gmail.com
entrelinhas.artepsi@gmail.com
Dando continuidade ao meu
trabalho clínico com mandalas, unindo a Terapia Cognitivo-Comportamental e a
Arteterapia (LER PRIMEIRO TEXTO AQUI), utilizei o papel vegetal e o lápis de cor aquarelável para
representar o funcionamento de nossa reestruturação cognitiva.
A terapia
cognitivo-comportamental trabalha com a dinâmica de que pensamentos geram
emoções que influenciam os comportamentos. Neste ciclo, temos as consequências
que irão reforçar os pensamentos. Os pensamentos disfuncionais fazem com que
todo o ciclo também seja disfuncional.
Para representar como pensamentos,
sentimentos e comportamentos influenciam um ao outro, utilizei no atendimento
clínico tais materiais, que são improváveis de utilização juntos, pois esse
tipo de lápis requer o uso de água, o que não é o mais indicado para o papel
vegetal.
Os pacientes já possuíam tempo
de experiência com o trabalho de mandalas, descrito no texto anterior. Pedi que
desenhassem sua própria mandala e que posteriormente fosse colorida com o lápis
de cor aquarelável, trabalhando a ação e as escolhas pessoais.
Neste primeiro momento,
conversamos sobre a sensação que tiveram ao colorir no papel vegetal, em
comparação aos outros papéis. Como resultado, as pacientes MC (13 anos) e J (32
anos) acharam bem mais fácil este material e as outras duas P (27) e V (53 anos)
descreveram que foi preciso muito esforço para concluir a tarefa, sentindo-se
desconfortáveis.
Mandala 1, paciente V.
Esta etapa mostra como cada
pessoa tem a sua percepção e que ideias diferentes fazem parte do processo, não
sendo nenhuma das opções certa ou errada. Comentei sobre as sensações entre as
participantes, que se surpreenderam com a opinião contrária das outras.
MC. realizou a atividade com
tranquilidade, sem sentir desconforto em nenhum momento. Com ela, está sendo
trabalhada a ampliação de possibilidades de socialização, com foco em
desenvolver habilidade social. A paciente J. sentiu-se confortável para
colorir, porém esta apresenta o sabotador controlador, deixando-a
desconfortável com o “movimento” realizado no papel, conforme a quantidade de
água que vai sendo colocada. A paciente P. conforme ia colorindo, apresentou
cansaço e respiração ofegante, realizamos a atividade em dois dias. Colocou
bastante água no centro do papel, que em pouco tempo, enrolou suas laterais. Na
etapa da água, sentiu-se mais confortável. E com V. foi necessário realizar a
atividade duas vezes, pois na primeira mandala a mesma sentiu “medo” em pintar
com a água e não quis arriscar o resultado, ficando quase imperceptível o uso
da água. Depois que conversamos sobre o processo, na sessão anterior, foi
realizada novamente a atividade, porém ainda preocupada com as cores borrarem e
o trabalho ficar “feio”. Por isso foi apresentada acima, como um exemplo da
atividade antes da utilização da água.
Ao utilizar a água, elemento
que trabalha a emoção, o papel vegetal foi ganhando um novo formato, enrolando
e se tornando mais granulado, perdendo sua forma lisa. E não somente as partes
em que foi utilizada a água, mas toda a extensão do papel sofreu alteração em
sua forma.
Paciente V.
Paciente J.
Paciente P.
Paciente MC.
Aqui, foi possível perceber,
que trabalhando com um dos elementos, os outros serão também reestruturados.
Por exemplo, é possível flexibilizar o pensamento tornando mais funcional, que
as emoções e os comportamentos também sofrerão mudanças. Assim, através da
mudança da textura da mandala é possível trabalhar o autoconhecimento e ampliar
a visão sobre si mesmo, melhorando a autoestima.
Além disto, é importante
lembrar que, não vivemos isolados do mundo e que somos influenciados pelo mundo
externo, assim como influenciamos ele. Umas das dúvidas apresentadas no
consultório é se é possível modificar o outro, através de uma reestruturação
cognitiva pessoal. Em uma relação estímulo e resposta, ao ser apresentada uma
nova resposta, automaticamente o estímulo “solicita” uma alteração no
comportamento. Isto é, através de uma mudança pessoal é possível influenciar
algumas características do outro, ressaltando que, em essência, o outro só se
reestrutura cognitivamente se assim o quiser.
Sendo assim, nesta técnica é
possível perceber este diálogo interno com o externo através da mudança de toda
a textura do papel vegetal e, não somente, no mandala, onde é utilizada a água.
Referências Bibliográficas:
Thase,Michael
E.; Basco,Monica Ramirez; Wright,Jesse H. Aprendendo
Terapia Cognitivo-comportamental - Um Guia Ilustrado – Artmed – 2008.
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Sobre a autora: Juliana Mello
Juliana
Mello
Psicóloga, Arteterapeuta e Coach
Atendimento clínico individual e grupo om criança, adolescente, adulto e idoso.
Abordagem em Terapia Cognitivo- Comportamental e Arteterapia
Palestras e Workshop motivacionais.
Como já tenho o hábito de fazer pinturas, principalmente de mandalas, achei interessante para treinarmos a concentração e automaticamente focar a mente no presente.
ResponderExcluirParabéns...Ju
ResponderExcluirTexto maravilhoso...
Parabéns Ju, feliz pela sua evolução, novas possibilidades de aprender e sensibilidade para perceber.
ResponderExcluirBjos
Filha parabéns, q lindo texto.
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