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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O IDOSO E A CRIATIVIDADE


Por Daniele Pereira Schnorrenberger - SP
dani_psc@hotmail.com
Percebe-se que desde a infância aspectos criativos são aflorados nos seres humanos. É da natureza da criança descobrir fórmulas e valores originais para possibilidades já pré-formatadas. O ato de criar possibilita ver o mundo por meio de lentes novas, quebrando paradigmas e olhares cristalizados. Desse modo, segundo Rocha “Todos nós possuímos um potencial criativo nato, basta desenvolvê-lo. O meio tem um papel importantíssimo, quando nos estimula ao desenvolvimento”. (2009, p.35). 
A criatividade é algo presente em todos os seres humanos, todavia, em algumas pessoas ela encontra-se mais latente, em outros, em contrapartida, encontra-se podada devido aos percalços da vida. Sendo assim, não se pode perder de vista que “Todos os seres humanos são criativos, uns mais outros menos. A criatividade, enquanto habilidade, pode ser desenvolvida, estimulada e trabalhada”. (ROCHA, 2009, p.60). Entretanto, indiferentemente da maneira que a criatividade está alojada, ela é natural e quanto mais uso se faz dela, mais ela se apresenta.
Quando a criatividade é aguçada na primeira infância é mais perceptível as respostas positivas perante as situações adversas. Contudo, mesmo nas pessoas com mais idade, que deixam de utilizá-la por um período da vida, ao acessá-la é possível o seu despertar. Em se tratando de indivíduos idosos, Souza e Witter (2011) corroboram neste sentido. 
Vale ressaltar que a velhice permite a quebra de barreiras sociais que impedem o desenvolvimento da criatividade, tais como críticas negativas de familiares e amigos. Nessa fase da vida, alcança-se maior autonomia e liberdade de expressão, o que é favorável à manifestação da criatividade. (p.22). 
Um grande facilitador do despertar da criatividade é a arte, porque ela entra como um instrumento para acessar a liberdade expressiva de uma maneira mais leve. Quiçá, as pessoas indiferentemente da idade, pudessem se relacionar com a criatividade de maneira tão espontânea e libertadora. A arte pode funcionar como um catalizador da energia criativa e direcioná-la a dar resultados concretos, podendo ser uma expressão artística visual, por meio da dança, teatro, escultura, pintura e ou auditiva, através da música.
Diante das características da criatividade expressiva das artes, surge um novo campo do conhecimento que é a arteterapia, que de acordo com Coutinho (2008) “Arteterapia, em uma definição bem simples, seria a terapia por meio da arte. Da produção de imagens que, alheias a julgamentos estéticos, funcionarão como mapas simbólicos rumo aos conteúdos inconscientes”. Portanto, é um modo de expressão que se dá pela realização criativa, sendo de maior valia o momento de produção, até mais do que a criação em si, ou seja, a estética não é necessariamente o produto final.
Dessa maneira, a arteterapia pode servir de veículo de desenvolvimento da criatividade para todos os indivíduos, independentemente da idade, porque permite ao participante da oficina criativa, um crescimento pessoal através de suas criações. Em se tratando de pessoas da terceira idade, o despertar criativo pode permitir uma grande valorização pessoal e inúmeros benefícios, desde reforçar a autonomia, aumentar a autoestima e mesmo levar ao bem-estar.

A arteterapia pode auxiliar a diminuir alguns preconceitos, como o de que pessoas idosas são pouco criativas. Na realidade, quando são proporcionadas as oportunidades, os idosos são tão capazes de se expressar criativamente quanto qualquer um. E isso é fundamental na recuperação e manutenção da saúde emocional do sujeito. (COUTINHO, 2008, p.75). 
A realização artístico-criativa, referindo-se aos idosos, pode proporcionar uma sensação de inventor de sua própria história e sua trajetória de vida pode ganhar um novo olhar partindo do ato criativo. Para Souza (2005) “Quanto mais carregada a memória, maiores as oportunidades criativas”. (p.46). Em síntese, a criatividade traz benefícios significativos interiormente, porque permite, por meio das artes, despertar o ser criativo, o qual se torna capaz de concretizar suas ideias e pensamentos no fazer artístico. 
Em suma, quanto mais se cria, mais possibilidades criativas são liberadas e aguçadas, podendo ser úteis em todos os campos do desempenho diário. Assim também, Chiesa reforça que “Desenvolver a criatividade é poder compreender a dinâmica da vida e a pessoa criativa percebe essa dinâmica contínua, ficando mais fácil para ela viver o fluxo natural dos acontecimentos no dia a dia”. (2004, p.50). Certamente, um indivíduo criativo, idoso ou não, poderá trazer melhores respostas e saídas para as mais diversas situações em sua vida cotidiana. 
Caso você tenha se identificado com a proposta do “Não palavra abre as portas” e se sinta motivado a aceitar o nosso convite, escreva para naopalavra@gmail.com
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia.
A Equipe Não Palavra te aguarda!

REFERÊNCIAS:
CHIESA, Regina Fiorezzi. O diálogo com o barro: o encontro criativo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
COUTINHO, Vanessa. Arteterapia com idosos: ensaios e relatos. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2008.
ROCHA, Dina Lúcia Chaves. Brincando com a criatividade: Contribuições teóricas e práticas na Arteterapia e na Educação. Rio de Janeiro: Wak Ed.,2009.
SOUZA, Adriana Aparecida Ferreira de; WITTER, Geraldina Porto. Criatividade na Velhice. In: BURITI, Marcelo de Almeida; WITTER, Carla. (orgs.). Envelhecimento e contingências da vida. Campinas: Editora Alínea, 2011. p.15-39.
SOUZA, Otília Rosangela. Longevidade com Criatividade: Arteterapia com Idosos. Belo Horizonte: Armazém das Ideias, 2005.
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Sobre a autora: Daniele Pereira Schnorrenberger 


Formação: Profissional Graduada em Artes Cênicas. Formação Pedagógica em Artes (Licenciatura em Artes Plásticas – Habilitação em Teatro). Pós-graduada em Arteterapia. Mestranda em Psicogerontologia.
Área de atuação/projetos/trabalhos: Arteterapeuta. Arte educadora. Docente em curso de extensão para terceira idade.
O artigo “O Idoso e a Criatividade” foi escrito como trabalho de avaliação de uma das disciplinas do curso de Mestrado em Psicogerontologia do Instituto Educatie de Ensino e Pesquisa, localizado na cidade de Mogi das Cruzes - SP. Acompanhado pela Prof.ª M.ª. Andrieli Camilo e Prof.ª Dr.ª. Vera Socci.

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