Por Eliana Moraes
elianapsiarte@gmal.com
O blog Não Palavra nasceu em
2013 a partir do meu desejo de compartilhar
meu dia a dia de estudo e prática da Arteterapia. Esta empreitada que começou
como um diário de bordo, já trazia em seu codinome “Pensando a Arteterapia” a
linha mestra deste desejo. A palavra “pensando” colocada no gerúndio, demonstra
a premissa a partir da qual me autorizei a iniciar este ousado projeto: este é um caminho de reflexão, um processo, não
há nada pronto e isto inclusive me permite escrever e mais a frente me desdizer
se for necessário.
De fato, com este propósito em
mente, eu não poderia caminhar sozinha. Com o passar do tempo ganhei como
parceiras diretas Flávia Hargreaves e Maria Cristina Resende que tanto foram me
enriquecendo, constituindo e me “provocando” em articulações de ideias,
contribuindo para minha prática como arteterapeuta e construções teóricas.
Mas além delas, nomes já conhecidos,
outras pessoas foram fundamentais neste processo: os leitores do blog. Estes
são grandes parceiros, que no início eram pessoas conhecidas e amigas mas com o
passar do tempo novas pessoas foram se aproximando. Hoje já atingimos um número
expressivos de leitores, parceiros e amigos do blog Não Palavra, que se
identificaram com nosso propósito de pensar a Arteterapia como saber, técnica e
profissão. Identificaram-se também com nosso estilo de trabalho de contemplar e
buscar tantos outros possíveis embasamentos teóricos para instrumentalizar o
arteterapeuta em seu trabalho e para que este profissional possa atuar e se
posicionar no mercado de trabalho de forma consistente.
Naturalmente, muitas das
pessoas que agregaram essa construção, não estão perto de nós geograficamente. Cada
vez mais estamos recebendo contatos de pessoas de outros estados do Brasil nos
perguntando sobre material impresso e sobre nossas palestras, cursos, eventos e
aulas.
Compartilho com os leitores que
cada um destes contatos me toca de forma pessoal e profissional. Primeiramente
por ser alguém bastante empática com pessoas que demonstram ter o desejo (no sentido mais profundo do
termo) de aprender sobre a Arteterapia e em segundo lugar por ser uma grande militante
para que ela seja uma profissão respeitada e inserida no mercado de trabalho.
Isto se dá pelo fato de que, a partir da minha prática e estudo, eu acredito na Arteterapia! Aqueles que
estão próximos a mim sabem o quanto eu a amo e como trabalho com ela (e por
ela) com (e por) paixão.
A partir destes contatos
fiquei me perguntando como me aproximar das pessoas que estão longe
geograficamente, mas que se interessam em dialogar com aquilo que o Não Palavra
vem desenvolvendo. Movida por este desejo, no mês de agosto estarei em Minas
Gerais ministrando a palestra “Ressignificando
uma biografia através da arte” no espaço AREA Arteterapia em Belo Horizonte e
na Medley Escola de Música e Artes em Sete Lagoas, através da parceria com o "Café com Cultura". Abrir a porta de dividir o
que tenho aprendido e vivenciado em Arteterapia para além do Rio de Janeiro
está sendo mais um passo instigante neste meu caminhar.
Entretanto esta é uma prática
que demanda organização de tempo e agenda além de um investimento financeiro
considerável. Infelizmente não é algo possível de se realizar com tanta
frequência. E assim, surgiu a ideia de lançar mão de recursos tão próprios da
nossa contemporaneidade: as novas mídias.
Em 2016 o blog Não Palavra fez
uma parceria com o site Centro de Humanas Episteme e tenho desenvolvido
materiais de cursos on line em Arteterapia com o conteúdo que já tenho compartilhado em
cursos livres presenciais, mas que a distância impede que tantos interessados possam
participar. Neste seguimento, não me proponho a formar arteterapeutas, mas a passar adiante o que tenho aprendido e vivenciado, pois acredito que é isto que se deve fazer com o conhecimento.
Naturalmente, quando iniciei
este projeto imaginei que alguns questionamentos me seriam feitos pelo fato da
Arteterapia ser vivencial, por essência uma experiência com os materiais,
técnicas expressivas e linguagens da Arte. Alias, eu mesma me fiz estas
perguntas antes de aceitar o desafio. E o aceitei e investi o melhor de mim
(dentro da maturidade de cada fase deste caminho) quando me dei
conta que o Rio de Janeiro é um lugar com grande oferta de material, eventos e
cursos na área. Mas pude perceber que esta não é a realidade em todo o país,
sobretudo fora das capitais. Em segundo lugar porque acredito que embora a
Arteterapia seja vivencial, ela tem teoria (própria e outros possíveis
embasamentos teóricos) ao qual o arteterapeuta ou o interessado em Arteterapia
precisa se debruçar, se instrumentalizando de forma consistente para esta
prática.
Eu, por vocação, sou alguém
estimulada por pessoas e arte, não sou a maior das interessadas em tecnologia e
os métodos de comunicação mediados por ela. Mas, pegando emprestado o título de
um dos textos da minha parceira Flávia Hargreaves, “a necessidade faz o sapo pular”. E a partir de então tenho
pesquisado sobre as novas mídias e como elas podem colaborar para a expansão do
Não Palavra e da Arteterapia como saber e profissão no nosso país. Longe de ser
um movimento de banalização da Arteterapia, mas de cooperação para seu avanço.
Na primeira aula do meu curso “Grupos
em Arteterapia”, para responder o porquê trabalhar com grupos terapêuticos na
atualidade, faço menção ao paradoxo da tecnologia, ao qual ao mesmo tempo tem o
potencial de aproximar e afastar as pessoas em suas relações interpessoais.
Justifico ao grupo arteterapêutico que mantenho no meu espaço que se
comprometer com aquele grupo é uma subversão ao convite tão subjetivo de nossa
cultura, pois eles têm a oportunidade de
saírem de sua zona de conforto, se deslocarem ao encontro de outros seres
humanos e se perceberem, se
pensarem como sujeitos (de) em relação. Sendo assim, escrevo, dou aulas e
mantenho grupos em arteterapia também por micropolítica, para que os seres humanos não se percam de experienciar suas relações em sua profundidade.
Por outro lado, penso que a
tecnologia não é vilã em si. É uma ferramenta que pode ser bem usada ou mal
usada. Assim, tenho me proposto a me instrumentalizar para utilizá-la de forma
responsável, por mim, pelo projeto Não Palavra e pela Arteterapia.
De toda forma, sendo esta uma
ideia que venho construindo ao longo do meu caminho e crendo que não existe o
caminhar sozinha, gostaria de ouvir a opinião dos leitores, parceiros e amigos
do Não Palavra sobre a relação da Arteterapia com as novas mídias. Seja a
oferta de material escrito, como por exemplo o blog, as ferramentas de
transmissão de palestras on line (um
dos meus desejos atuais) e os cursos on
line inseridos na proposta do Ensino a Distância (EAD), uma questão tão
atual e amplamente discutida na educação e em diversos seguimentos.
Certamente a sincera opinião
de cada um que se disponibilizar a participar desta discussão, irá colaborar
para meus próximos passos no caminho Não Palavra que continua.