No
último dia 13 de março, o Não Palavra esteve presente no evento da Associação
de Arteterapia do Rio de Janeiro, chamado “Frida
Kahlo e Arteterapia”, a propósito da exposição “Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no Méxino”, na
Caixa Cultural – RJ.
O evento teve início no dia 06 com a palestra
de Ângela Philippini “Frida: para que
pés, quando se tem asas para voar?” e em seguida a exibição do filme “Frida
Kahlo”. Já no segundo dia, a programação se fez em cinco oficinas com temas
relacionados à artista: “Vestindo a sua
história” com Eveline Carrano e Luciana Pellegrini, “O masculino e o feminino em Frida Kahlo ” com Rosangela Rozante, “Cores e Natureza: símbolos de esperança e
renascimento” com Marise Piloto.
O Não Palavra contribuiu com duas oficinas: “Autorretrato” com Flávia Hargreaves e “Ressignificação da dor através da arte” com Eliana Moraes.
Autorretrato é um gênero muito explorado na História da Arte e
destaca-se na obra de Frida Kahlo, que afirma: “... pinto-me porque estou muitas vezes sozinha, porque sou o tema que
conheço melhor.” .
“[...]
Durante o tempo em que esteve na cama Frida Kahlo teve a oportunidade de
estudar intensivamente a sua própria imagem refletida no espelho. Esta
autoanálise foi feita numa época em que, tendo escapado da morte, começava a
descobrir e a experimentar tanto o seu próprio eu, como o mundo à volta dele a
um nível novo e mais consciente. [...] Os autorretratos de Frida Kahlo
ajudaram-na a moldar uma ideia do seu próprio eu: ao recriar-se, tanto na arte
como na vida, encontrava agora uma identidade.” (KETTENMANN, 2007, p. 19-20)
Estas questões são inegavelmente pertinentes à nossa prática em Arteterapia
e trazer Frida significa também estar abrindo um rico dialogo entre Arte e
Terapia. Com relação aos materiais, foi utilizado na oficina o
desenho direto espelho, experimentando estar face a face consigo mesmo e
“congelar” este encontro, uma espécie de "selfie
solitário". A segunda etapa foi se colocar em “um lugar”, “um contexto”, refletir e “falar” de si e seu entorno utilizando desenho e colagem.
No
segundo momento, na oficina “Ressignificação
da dor através da arte” Eliana Moraes compartilhou o caso clínico de Alice
Glass, polonesa naturalizada brasileira, paciente de arteterapia desde 2012.
Frida
Kahlo foi uma artista que fez uso da arte como suplência, expressando sua dor e
a luta com o próprio corpo e suas limitações. Da mesma forma, através de suas diversas
colagens, Alice revela sua frustração
por ter a visão seriamente comprometida após uma cirurgia de catarata mal
sucedida. Por meio de sua arte ela permanece lutando por (si e) seus olhos, nos
campos físico, mental e espiritual. Em 2015 o blog Não Palavra promoveu uma
exposição virtual de alguns dos trabalhos de Alice Glass, que podem ser
conferidos neste link.
Na
oficina, tomamos como inspiração o processo criativo de Alice e sua frase “Sou uma criança da guerra. Eu sei
aproveitar os retalhos que a vida me dá.”. Propus que cada participante se
percebesse como ser humano, sujeito da guerra da vida e pensasse: quais são
suas guerras? Quais são os retalhos que a vida te dá? Como você os aproveita?
Para
nós da equipe Não Palavra foi um prazer participar deste evento, primeiramente
porque acreditamos que em espaços de troca a Arteterapia se constrói como saber
e técnica em si mesma. E em um segundo lugar, este é um estilo de trabalho ao
qual nos debruçamos e investimos como campo de pesquisa e prática: o estudo e a
aplicabilidade da História da Arte, os artistas, suas biografias e processos
criativos, na prática da Arteteterapia.
Referências:
KETTENMANN, Andrea. Frida Kahlo. Dor e
Paixão. Koln : Editora Taschen, 2007.
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Caso tenha dificuldades em postar seu comentário, nos envie por e-mail que nós publicaremos no blog: naopalavra@gmail.com
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