“... dada era um modo de ser, e o melhor palco para o dadaísta era a
vida, mas os principais adereços necessários á encenação nesse palco
permaneciam sendo a poesia e a arte.” *
Tenho levado meus estudos sobre o
Dada e o Surrealismo para a clínica da arteterapia, seja em grupo ou
individual. Percebo que apresentar um pouco da História da Arte para os
pacientes e propor que eles experimentem em si as inspirações do artista, o que
o impressionava e o impulsionava a criar aquele trabalho é uma experiência
riquíssima no processo terapêutico com o auxílio da arte.
Hoje gostaria de escrever
especificamente sobre a aplicação do Dadaísmo no setting arteterapêutico (Ver
contextualização histórica nos textos anteriores). Este movimento tem como
características chave: o acaso, o nonsense (o sem sentido), a subversão, a fragmentação e destruição
do estabelecido.
Acredito que as técnicas propostas
pelos artistas deste movimento são interessantíssimas a serem trabalhadas com pacientes enrijecidos, com grande necessidade de controle, ordem, organização. Para os que têm
dificuldade de abrir mão do racional
e do explicado. Para os aprisionados
no tradicionalismo, no que é definido, nas regras e no que é estável.
Podemos dizer, para aqueles que têm a estrutura
obsessiva ou seus traços, pela psicanálise.
Estas técnicas propõem ao paciente a
flexibilidade, naturalidade, fluidez,
características da vida. Podem vivenciar a sensação de não controle, de “soltar as
rédeas”. Promovem o desapego, a desconstrução e quebra do estabelecido.
Experimentar-se fora de sua zona de conforto pode
causar ao paciente resistência e incômodo. Porém, uma vez que ele se permite
ultrapassar esta zona, abre-se uma nova janela de possibilidades, trazendo
sentimentos como coragem e libertação.
Podemos nos inspirar no artista Arp, que rasgou um
desenho em pedaços e deixou que os fragmentos, ao caírem, formassem um novo
padrão, deixando que o acaso fosse um elemento fundamental em sua composição.
Outra técnica interessante é a Merz Art, as famosas colagens de Schwitters: uma espécie de coluna, quase um totem, feita de coisas encontradas ao acaso e acrescidas às outras, dia após dia. Uma composição de tudo o que por acaso caiu sob suas vistas ou esteve ao alcance da mão, chamou sua atenção por um instante, ocupou sua vida por algum momento: passagens usadas de bonde, pedaços de cartas, barbantes, rolhas, botões, etc. Com o objetivo de "criar relacionamentos entre as coisas do mundo", os elementos recolhidos e combinados que haviam sido descartados pela sociedade por não servirem mais, por terem cumprido suas funções (algumas pessoas podem se identificar com esta descrição), mas por serem "vividas", comporão o quadro, arte.
Outra técnica interessante é a Merz Art, as famosas colagens de Schwitters: uma espécie de coluna, quase um totem, feita de coisas encontradas ao acaso e acrescidas às outras, dia após dia. Uma composição de tudo o que por acaso caiu sob suas vistas ou esteve ao alcance da mão, chamou sua atenção por um instante, ocupou sua vida por algum momento: passagens usadas de bonde, pedaços de cartas, barbantes, rolhas, botões, etc. Com o objetivo de "criar relacionamentos entre as coisas do mundo", os elementos recolhidos e combinados que haviam sido descartados pela sociedade por não servirem mais, por terem cumprido suas funções (algumas pessoas podem se identificar com esta descrição), mas por serem "vividas", comporão o quadro, arte.
Na sessão IMAGENS QUE FALAM deste blog estão fotos dos trabalhos de pacientes que se inspiraram nesta técnica e autorizaram a publicação destas imagens. Convido você a conferir!
Referência Bibliográfica:
BRADLEY, Fiona. "Surrealismo - Movimentos da Arte Moderna".
muito bom o site
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