“As obras de arte exercem sobre mim um poderoso efeito,
especialmente a literatura e a escultura e, com menos frequência, a pintura.
Isto já me levou a passar um longo tempo contemplando-as, tentando apreendê-las
á minha própria maneira, isto é, explicar a mim mesmo a que se deve o seu
efeito (…) Uma inclinação psíquica em mim, racionalista ou talvez
analítica, revolta-se contra o fato de comover-me com uma coisa sem saber
porque sou assim afetado e o que é que me afeta”. Freud em Moisés de
Michelangelo
Diz-se que a verdadeira obra de arte
é atemporal: ela permanece através dos tempos tocando, emocionando, sendo fonte
de pesquisa e de reconhecimento do homem, mesmo que décadas, séculos depois.
Uma das explicações dadas a este fenômeno é que o artista dá forma, através da
criação de uma obra de arte a conteúdos do inconsciente coletivo ao qual serão
“reconhecidos” por muitas outras pessoas que a contemplarão.
Um “encontro” com uma obra de arte,
um acontecimento vivo de troca entre obra e espectador. O próprio Freud relata
em sua obra ter vivido esta experiência: em 1913 passou várias tardes em Roma
encarando a figura de Moisés, esculpida em mármore por Michelangelo. Em uma carta
para sua esposa Martha, escreve: ”Visito diariamente o Moisés e acho que poderia
escrever umas poucas palavras sobre ele... ao longo de três semanas
solitárias de setembro, detive-me diariamente na igreja diante da estátua,
estudei-a, medi-a, sondei-a, até que me veio a compreensão que só ousei expressar
no papel anonimamente”.
Eu, particularmente vivi uma
experiência desta em minha terapia pessoal quando avistei o quadro “Meditation – Madame Monet au canapé”
de Monet. Foram sessões e sessões falando
e criando em cima do impacto que aquela obra causava em mim.
Uma experiência pessoal em que percebemos ao
contemplar uma obra de arte, um conteúdo íntimo e pessoal.
E você, qual obra de arte te toca? Você já teve um
“encontro” com uma obra de arte? Seja uma pintura, uma música, um poema, um
filme... qualquer linguagem da arte. Conte sua experiência!
Aqueles que enviarem comentários contando de seu
encontro com uma obra de arte concorrerão ao livro “Terapia Familiar – Mitos, Símbolos e Arquétipos” Paula Boechat.
*Livro usado, em perfeito estado,
com grifos.
*Deixe seu email ao final do
comentário para que ao ganhar possamos fazer contato para a entrega do livro.
Com certeza existem diversas obras que me tocam, mas sem dúvida a que me tocou mais profundamente até hoje foi uma pintura de Amadeo Modigliani, sua obra de maneira geral me emociona profundamente, sou apaixonada por sua pintura, por suas mulheres de pescoços longos, seus olhos que apesar de em sua maioria não terem pupilas, transmitem tanta emoção.
ResponderExcluirEsse "encontro emocionante" aconteceu em Porto Alegre, em uma exposição especial de diversos artistas internacionais, agora não me lembro do nome da exposição, só sei que era muito bem montada e tinha um grande número de artistas que eu admirava imensamente, fui passando de sala em sala me deliciando com cada obra, quando de repente entrei em uma sala e dei de cara com "ele" o primeiro quadro ao vivo que vi de Modigliani! Era uma figura feminina lindíssima, com o vestido vermelho e os olhos profundos, quando me deparei com aquela imagem uma emoção tão grande tomou conta do meu peito que comecei a chorar compulsivamente, meu namorado me abraçou e dizia " é ele, o Modi" e eu respondia "eu sei, é ele mesmo!" fiquei lá chorando gotas gordas durante uns quinze minutos, as pessoas passavam olhando para mim sem entender absolutamente nada, até que fui me acalmando e me recompondo, fiquei mais um tempo contemplando essa magnífica obra e depois continuei olhando o resto da exposição, ao final do percurso tive que voltar para dar uma última olhada na pintura e me despedir. Foi um encontro realmente emocionante e o que senti naquele dia jamais esquecerei.
mariamatina@superig.com.br
Que lindo Matina!
ExcluirDifícil escolher. Um momento marcante foi um estudo para o quadro El tres de Mayo de 1808
ResponderExcluir(Três de Maio de 1808) ou Los fusilamientos de Príncipe Pío, de Francisco Goya que vi no Museu de Belas Artes em Buenos Aires nos anos 80. Poucos anos depois pude ver a pintura final no Museu do Prado, Madri. De qualquer modo o primeiro foi o que me marcou apesar do formato ser menor. A cena do fuzilamento foi organizada de modo que me fez automaticamente fazer parte dela. Me senti como os espectadores da carnificina retratados e percebi que também ficaria inerte, sem ação.
Que forte, hein Flávia? Muito interessante!
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