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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O AUTOMATISMO EM IMAGENS



Embora o Surrealismo tenha se originado como um movimento literário, no campo das artes visuais ele foi um dos mais vorazes de todos os movimentos modernos. Entretanto, houve até quem afirmasse que a pintura surrealista não existia, como Pierre Naville, um dos primeiros editores de La Révolucion Surréaliste.
A partir de 1925 Breton passa a escrever em resposta à esta acusação uma série de artigos que acabaram por serem editados em um livro chamado Le Surréalist Et La Peinture, citando pintores como De Chirico, Max Ernst, Man Ray, Masson, Miró e Tanguy. 
Breton em Gênese Artística e Perspectiva do Surrealismo:
“Insisto em que o automatismo, tanto gráfico quanto verbal – sem prejuízo das profundas tensões individuais que ele é capaz de manifestar e, em certa medida, resolver – é, o único modo de expressão que satisfaz plenamente o olho ou o ouvido, ao realizar a unidade rítmica (tão reconhecida no desenho ou no texto automático...)” *
Em seus textos, Breton não tenta definir a pintura surrealista, mas aborda o tema de modo diferente, avaliando o relacionamento de cada pintor com o surrealismo, evitando qualquer discussão sobre estética. Posicionou-se de modo um tanto vago, “dizendo estar unicamente interessado numa tela na medida em que é uma janela que olhava para algo; afirma também que o modelo do pintor deve ser ‘puramente interior `”. *
            Na realidade, diz-se que os pintores surrealistas conseguiram obter uma maior independência do que os escritores do movimento no que se refere à personalidade dominante de Breton, talvez até porque  a pintura não fosse o seu campo de atuação. Pode-se dizer que os pintores puderam experimentar as idéias surrealistas sem se subjugarem a elas.
            O desenho automático do artista Masson (técnica frequentemente usada em aulas de artes e em arteterapia, mas que muitas vezes não sabemos aonde está contextualizada na história da arte) é considerado um dos mais notáveis produtos do surrealismo. A idéia consiste em: mover as mãos de forma que o lápis ou o pincel mova-se rapidamente, sem uma idéia consciente de um tema, traçando uma teia de linhas nervosas, mas firmes, das quais emergem imagens que são, por vezes, aproveitadas e elaboradas, outras vezes deixadas como sugestões. Os mais bem sucedidos desses desenhos possuem uma integridade que provém da elaboração inconsciente de referências textuais e sensuais, tanto quanto visuais.
            Na prática da arteterapia, esta técnica é utilizada com excelentes resultados, pois naturalmente a imagem que o paciente visualiza e ressalta dentre o emaranhado de linhas é um símbolo que lhe pertence e está fatalmente atrelado às suas questões. Este símbolo se constitui em um material que deve ser trabalhado dentro do processo terapêutico.

 * “Conceitos da Arte Moderna – com 123 ilustrações” org. Nikos Stangos




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