Bandeiras:
Itália e Japão
Por
Claudia Maria Orfei Abe - São Paulo/SP
Escrevo aqui mais um relato de
uma sessão arteterapêutica realizada em domicílio, com meu pai e minha tia
materna, lembrando que o meu pai é portador da Doença de Alzheimer e
trabalhamos ao longo de dois anos a estimulação cognitiva com ambos, num
atendimento grupal por meio do manejo arteterapêutico.
A sessão arteterapêutica de número
18, realizada em 29/agosto/2018 com meu pai (aos 84 anos) e minha tia (aos 91
anos), teve como proposta inicial a experimentação de um material novo: a massa
cerâmica fria italiana.
O objetivo era conhecer a
massa, sentir se era fácil para se trabalhar, e principalmente saber se sairia
fácil das mãos e sem fazer muita sujeira, diferentemente do trabalho com
argila.
Massa cerâmica fria italiana
Primeiramente pude observar
como os dois estavam trabalhando, amassando, apertando a massa até formarem uma
bola.
Tia achou difícil apertar – “dura”, enquanto pai achou fácil apertar
a massa.
Continuaram rolando a massa na
mesa, batendo e sentindo-a nas mãos.
Tia: ela
é fria, gostosa de mexer.
Pai: cabe perfeitamente nas
minhas mãos, ela obedece à curvatura dos meus dedos e se mantém redonda. Não
aquece e não desmancha rápido. Permanece mantendo o formato. Fácil de
manipular.
Em seguida trabalharam a massa
com os dedos, porém desta vez com os olhos fechados; lentamente foram surgindo os
objetos, conforme fui conduzindo a atividade:“Vão sentindo o que o seu
cérebro quer fazer, deem forma nessa massa. Agora abram os olhos, trabalhem a
massa. Usem o garfo e faca para fazer detalhes no objeto. Imaginem o que este
objeto te traz de memória”.
Pai: ele é mole, quer fazer
uma coisa destrói a outra.
Nenhum deles quis utilizar os
talheres plásticos para fazer detalhes na massa.
Compartilhamento
Pai:
chawan
Palavra
final: origem
Pai: é um prato japonês
chamado “chawan” – para comer com “hashi”. Para japonês isto é o prato do dia a
dia. Come com hashi e leva à boca.
Foi muito bom, ele é macio, não produz
marca na mão, não gruda na mão, se mantém unido. É muito maleável (sobre a
massa cerâmica).
Eu descendente de japonês, como num
chawan e faço a cuidadora comer também e ela topa. É muito prático. A minha
origem nipônica levou a fazer este objeto.
Tia:
rolo de macarrão
Palavra
final: recordação
Tia: rolo de fazer macarrão,
pizza, massa, pastel.
Fácil, maleável (sobre a massa).
Lembrei do macarrão, pastel, capeletti;
quando chegava época de Páscoa e Natal, fazia o capeletti recheado de carne,
muçarela. Aprendi com minha tia, fazia aquela montanheira de capeletti. Fazia
os capeletti e depois traziam para cozinhar, fazer o molho. Depois de cozido
punha num pratão, punha o queijo.
“Avanzate che vengono le guardie!” (minha
tia cita esta frase como quando éramos chamados à mesa para uma refeição especial).
Ao final da sessão,
conversamos sobre como nós buscamos as nossas origens e confesso que fiquei
surpresa com suas falas durante toda a atividade.
Conclusão: gostaram
do material, foi muito fácil de usar, e a limpeza das mãos foi em segundos,
apenas com água!
Se você quiser ler meus textos
anteriores:
Salvador Dali e “As Minhas
Gavetas Internas” CLIQUE AQUI
“’O olhar que não se
perdeu’: diálogos arteterapêuticos entre pai e filha” CLIQUE AQUI________________________________________________________________________
Sobre a autora: Claudia Maria Orfei Abe
Arteterapeuta e Farmacêutica
Farmacêutica-Bioquímica graduada pela
UNESP Araraquara-SP.
Especialista em Farmácia Homeopática
pela USP-SP.
Especialista em Organização de Serviços
em Dependência Química pela UNIFESP-SP.
Especialista em Gestão da Assistência
Farmacêutica pela UFSC-Universidade Federal de Santa Catarina-SC
Especialista em Arteterapia e
Criatividade pela Faculdade Vicentina-PR
Focalizadora de Danças Circulares pela Prefeitura do Município de São
Paulo-SP
Atuei em instituição com o
projeto “Cuidando do Cuidador”, para familiares e acompanhantes dos atendidos.
Atualmente com o projeto “Mandalas”,
em instituição de longa permanência para idosos, sua maioria portadores da
Doença de Alzheimer.
Atendo em domicílio.
Parabéns Cláudia, um texto mais emocionante do que o outro. Belo Trabalho!
ResponderExcluirComentei com minha filha que este fazer as coisas juntos,como sua tia fazia, minha mãe....isto está se perdendo.Nem um jogo de tabuleiro onde todos interagem estamos jogando mais.Precisamos estimular a todos a nossa volta, cantar juntos, rir, brincar e fazer arte!Parabéns minha querida Cláudia por este trabalho maravilhoso que desenvolve.
ResponderExcluirParabéns. CLÁUDIA, mais que maravilha de trabalho esse seu.Um grande abraço e bjo.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi, Clau
ResponderExcluirTrabalho muito lindo!!!!
Emocionante!
Parabéns...pra você...pro pai e pra tia!!!
Beijão,
Érica
Estimulando a Vida com Arte e nutrido a Alma com dedicação e Amor... Parabens
ResponderExcluirQue lindo Clau...seu trabalho é maravilhoso...parabéns que Deus te abençoe sempre!💗💗💗💗
ResponderExcluirParabéns pelo lindo trabalho o resultado é gratificante.
ResponderExcluirQuando fazemos com amor, tudo fica perfeito, parabéns Claudinha Abe pela sua dedicação !!!
ResponderExcluirCláudia. Trabalho lindo e abençoado. Que Deus te dê forças para seguir em frente. Maria Luiza (Farmacia/1986)
ResponderExcluirParabéns Cláudia que lindo trabalho.
ResponderExcluirA arte transporta nossos corações a lugares e momentos sensacionais. Beijos
Luciene
Excelente sessão de arteterapia . União de sensibilização e origens. Essência de quem somos.
ResponderExcluirMeus sentidos Parabéns, Claudia, pelo seu empenho, amor e dedicação ,nesse fantástico trabalho de Arterapia, com as pessoas que dele precisam. Um grande abraço, e força para continuar.
ResponderExcluirQ resgate emocional bacana, de grande valor! Para eles o exercício de lembranças felizes e para nós o compartilhar de uma vida!
ResponderExcluirQ venham muitos outros depoimentos de amor e troca como estes, Claudinha Maria! Bjos!
Parabéns, Claudia, que belo caminho você está construindo! Caminhando em direção à alma das pessoas, à alma do universo!
ResponderExcluirSensacional
ResponderExcluirÉ incrível como o cérebro dá os seus input.
Parabéns pelo amor e carinho com seu pai e sua tia.
Acho que eu vou me escrever para um curso seu, só me avise quando for em italiano assim mato dois vitelos com uma garfada só.
Parabéns, Abraço
Parabéns Claudia adorei o texto fico feliz com sua tragetoria e seu empenho
ResponderExcluirAtendimento cheio de afeto e carinho, fico emocionada! Parabéns pela jornada, pelo cuidado e pelo texto!
ResponderExcluirCibele
Lindo trabalho Claudia! Muita sensibilidade.
ResponderExcluirRegina Chiesa
Claudia, Parabéns!
ResponderExcluirAdmiro a sua dedicação e carinho com que produz os seus trabalhos.
Nossa!!! Que trio!!!
Esta sessão das raízes e origens é de emocionar.
Este link entre o passado , chegando até hoje, creio que produz uma reflexão em todos nós...
Orgulhoso, de novo, como sempre.
Leonardo, marido e fã.
Que trabalho legal! Parabéns Claudia!
ResponderExcluirClaudia, muito bom!! Cada um com seu olhar, sua origem influenciando, no modo de ver, pensar. Belo texto! Parabéns!! Chawan lindo!!
ResponderExcluirCecilia Massuyama
Oi Cláudia!
ResponderExcluirParabéns...um resgate das memórias afetivas, lindo trabalho!
Rosana Oda
Claudia que trabalho lindo! Essa sua dedicação comovente! Tenho certeza que os 3 se beneficiam com a terapia. Saiba que essa terapia vai para a eternidade!
ResponderExcluirM. Teresa de Paula
Clau, que bacana! Parabéns. É emocionante o seu trabalho. Resgate de memórias, emoções, resgate de uma vida.
ResponderExcluirMaria Aparecida Verga
Olá lindinha!!! Que processo lindo. Gostei que vc descreveu o processo e o produto final. Tudo a ver com a cultura e origem deles. Recuperar a história de vida num objeto. Recordações que foram descortinadas por uma simples massa fria. Sua sensibilidade TB conta muito. Parabéns. Sou fã do seu trabalho. Bjs
ResponderExcluirRúbia
Bom dia Cláudia
ResponderExcluirQue trabalho bacana,trabalhando manualmente e resgatando memórias afetivas
Maria Goretti
É interessante como as suas memórias os transportaram às suas raízes relacionando os objectos feitos com o alimento, o prato e o rolo da massa, porventura o alimento que das raízes os trouxe até os dias de hoje.
ResponderExcluirÁlvaro (Porto, Portugal)
Waaooo...Adorei. As lembranças ficam. Eles lembraram do chawan e do rolo de fazer massas. Mostrei p o Peter, ele disse que ficou surpreso pelo fato deles não comerem as "massinhas, argilas", pois do lado estavam o garfo e faca...kkk.
ResponderExcluirClau, um ótimo trabalho que vc está fazendo. Um projeto de dedicação e amor, o resultado será sempre "sucesso". Parabéns.
Catarina
Impressionante como dois pequenos objetos se reportaram a um passado marcante. Muito lindo seu trabalho.
ResponderExcluirClaudia, fíco muito feliz ao ver o seu trabalho maravilhoso, feito com seu pai e sua tia.
ResponderExcluirMuito interessante! Resultados , também, excelentes e produtivos aos pacientes.
Continue sua jornada!
Merecedora dos meus cumprimentos e votos de muito sucesso .
Abraços à você, Yoshio e à tia.
Neusa Vieira de Arruda
Colega do Yoshio