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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

AS TESOURAS DE MATISSE: Arte, Resiliência e Arteterapia no atendimento a Idosos


Por Cristiane de Oliveira - RJ 
crisarteterapia@hotmail.com



Ao saber que em Outubro de 2017 iniciaria a exposição de 20 obras do artista francês Henri Matisse no Caixa Cultural, preparei minha agenda porque não poderia perder esta mostra de jeito nenhum. Primeiro porque o arteterapeuta deve estar produzindo, em contato com a sua própria arte, sendo muito importante que seja instigado e “nutrido” visitando exposições, mostras e outras formas de expressão artística. Segundo, a vida e a obra deste artista são ótimos estímulos para o trabalho arteterapêutico. Matisse é um exemplo de ressignificação e resiliência através da arte.

A resiliência é a capacidade humana de superar as adversidades, sendo capaz de transformar momentos difíceis em oportunidades para aprender, crescer e mudar.  No início da década de 1940,  Matisse enfrentou uma doença que o impedia de pintar e o obrigou a ficar por longos períodos na cama e na cadeira de rodas. Nesse momento, o pintor criou uma nova técnica que consistia em uma combinação de desenho e pintura em colagens feitas com papéis recortados e coloridos com guache. Desta técnica 20 pranchas impressas com a técnica au pochoir, feitas especialmente para o álbum Jazz e que foi publicado em Paris, em 1947, estão expostas na Mostra da Caixa Cultural. Entendemos então que o que está exposto não são apenas obras artísticas, mas o poder resiliente e ressignificador da Arte.



“Apenas o que criei depois da doença constitui meu verdadeiro eu. Livre, liberado” Henri Matisse

A prática arteterapêutica utiliza várias ferramentas que podem auxiliar ao indivíduo a encontrar-se nesse lugar de ser capaz de ressignificar suas mazelas. No atendimento a idosos, a colagem é uma das técnicas facilitadoras no processo arteterapêutico, é de fácil operatividade, pouco intimidadora, além de estimular o córtex pré-frontal. Assim, a meu ver, a técnica de desenho com tesoura (ou pintura com tesoura) de Matisse abre ainda mais o leque de oportunidades arteterapêuticas da colagem, principalmente com os idosos. Amplia a experimentação e estimula a criação sem o receio de “fazer errado”. Como muitos dos idosos se encontram nesse lugar de incapacidade e desvalia, as técnicas mais  elaboradas podem acabar por enfatizar mais as limitações e, em consequência, fortalecer esses sentimentos.   

            Penso que a técnica de recorte e colagem criada pelo pintor das cores proporciona ao idoso uma segurança maior para criar. Acaba estimulando mais a criatividade e a auto-expressão. Permite que explore o colorido, as formas e, tranquilamente, conseguir um belo resultado. As obras do artista estimulam por permitir que se crie formas onde o corte irregular, torto, imperfeito sejam utilizadas sem afetar negativamente o resultado da criação, pelo contrário, talvez exaltando e, principalmente, tornando único. A técnica respeita a limitação do idoso. Proporciona composições simbólicas complexas, permitindo várias possibilidades de desdobramento para o processo terapêutico.

Além disso, observar um idoso numa cadeira de rodas ou  acamado (são imagens de Matisse), aparentemente debilitado, atuando em seu processo criativo, pode tornar-se um estímulo aos idosos. Pesquisas vêm mostrando que ser espectador de pessoas em seu processo criativo acaba trazendo estímulo sensorial pois pequenas estruturas neurológicas entram em atividade tanto quando se executa algo, como quando se observa alguém em ação. Então, acredito que observar Matisse em ação, além de gerar no próprio organismo mudanças benéficas, é capaz de estimular a ressignificação de vivências e a da imagem (estigma) de que idoso é incapaz. Enfim, é um caminho capaz de levar à resiliência.

Matisse

Releitura de Matisse

Referências Bibliográficas:

-       PHILIPPINI, Angela. Caminho da Arte: construindo um envelhecimento sadio. RJ, Wak.       
-                                            Linguagens e Materiais Expressivas em Arteterapia: uso, indicações e propriedades. RJ, Wak 

Caso você tenha se identificado com a proposta do “Não palavra abre as portas” e se sinta motivado a aceitar o nosso convite, escreva para naopalavra@gmail.com
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia.

A Equipe Não Palavra te aguarda!
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Sobre a autora: Cristiane de Oliveira

Formada em Pedagogia(UFF), Psicopedagogia (UNESA), Arteterapia (POMAR), cursando Pós Graduação em Arteterapia (POMAR)

Atuação em Arteterapia com adultos e idosos (individual e grupo), atendimento  em domicílio e instituições.



Um comentário:

  1. Amei gostaria de receber no.meu e mail é possivel? Sou voluntaria em asilo. Depois posso te passar algumas coisas tb. Um abraço Sou Arteterapeuta em SJC Dilza dilzanogueiea @yahoo.com.br

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