Por Eliana Moraes
Dando
seguimento à reflexão sobre o processo de profissionalização da Arteterapia e
suas implicações, hoje gostaria de retomar o ponto mencionado em texto
anterior, sobre o potencial que a Arteterapia tem de desempenhar um bom
trabalho em uma instituição e integrar uma equipe multi e interdisciplinar.
Esta
foi uma percepção que me acompanhou e que foi ganhando força durante os cinco
anos que trabalhei na UIP (Unidade
Integrada de Prevenção), núcleo de acompanhamento do envelhecimento dos
assegurados do plano de saúde do Hospital Adventista Silvestre, RJ. Retomando o
ponto de vista:
Fui contratada como psicóloga, para exercer as
funções da psicologia. Mas, por ter formação em Arteterapia, aos poucos fui
introduzindo-a em atendimentos individuais, em seguida em dois grupos
terapêuticos e por fim agregando seus elementos na oficina de Estimulação
Cognitiva.
Sou testemunha de como a Arteterapia por si só,
tem absoluta condição de desempenhar um bom trabalho dentro de um hospital (ou
qualquer instituição), integrando uma equipe multi e interdisciplinar de saúde,
inclusive em saúde pública. Mas ainda precisamos
caminhar bastante para ocuparmos este lugar, para colocar-nos como profissionais autônomos
que sabem dialogar com outros
profissionais de saúde e de gestão sobre
quais são os potenciais específicos que a técnica da Arteterapia pode agregar para aquele corpo de trabalho.
Creio
que estamos em plena construção deste espaço e que cada arteterapeuta e
estudante contribui para este caminho quando desempenha um bom trabalho em
Arteterapia prioritariamente em favor dos clientes/pacientes mas também em
diálogo com outros profissionais envolvidos no trabalho. Desta forma nossa
profissão vai ampliando sua visibilidade, sendo validada, respeitada e
requisitada. Sempre defendo para colegas arteterapeutas que para nós parece “óbvio”
tantos benefícios que a técnica da Arteterapia traz para diversas propostas de
trabalho. Mas acreditem, para outras áreas profissionais e para a grande
maioria dos potenciais clientes/pacientes não
é óbvio.
Neste
contexto, hoje compartilho a experiência da exposição “Arteterapia para quê?” promovida pelos pacientes da UIP nesta
semana, última de novembro de 2015.
Desde
2011, a
Arteterapia esteve presente na UIP e chegada a hora do encerramento deste
processo, os pacientes foram convidados a pensar em sua experiência individual
com ela e a responderem a pergunta: “A Arteterapia lhe serviu para quê?”.
Percebemos
que muitas pessoas já ouviram falar em Arteterapia, mas desconhecem de fato sua
proposta e seu potencial. Confundem com aulas de artes, de artesanato, com os
famosos livros para colorir... Entretanto, a Arteterapia se define como:
“o uso terapêutico da atividade artística... por pessoas que
experienciam doenças, traumas ou dificuldades na vida, assim como por pessoas
que buscam desenvolvimento pessoal. Por meio do criar em arte e do refletir
sobre os processos e trabalhos artísticos resultantes, pessoas podem ampliar o
conhecimento de si e dos outros, aumentar sua autoestima, lidar melhor com
sintomas, estresse e experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos,
cognitivos e emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico.”
Especificamente
no trabalho com a terceira idade, a Arteterapia traz simultaneamente benefícios
psíquicos como autoconhecimento, expressão, criatividade, a sensação de
visibilidade, a ressignificação de experiências, pensamentos e sentimentos, e
também benefícios cognitivos como a
estimulação dos sentidos, da memória, linguagem, abstração, funções executivas, praxia, dentre outros.
Entretanto,
para além dos benefícios listados pela teoria da Arteterapia, a experiência com
este processo é absolutamente individual e desperta benefícios singulares em
cada um que se propõe a experimentá-lo. Sendo, assim, as respostas de cada
paciente foram sintetizadas e traduzidas nas imagens que compuseram a exposição,
através de variadas linguagens da arte, no preparo para o fechamento deste
ciclo.
Através
desta exposição convidamos ao expectador que contemplasse as imagens produzidas
de forma tão pessoal e profunda, no desejo que despertasse a curiosidade sobre
os benefícios que o processo criativo pode trazer dentro de um ambiente terapêutico
e que consequentemente transborda para uma postura criativa diante da vida.
Caso tenha dificuldades em postar seu comentário, nos envie por e-mail que nós publicaremos no blog: naopalavra@gmail.com
Boa tarde.
ResponderExcluirSou Sandra Portella dos Santos, acadêmica de enfermagem da UFN - RS, e estamos realizando uma pesquisa sobre a influencia da arteterapia na recuperação de pacientes hospitalizados por longos períodos. Gostaria de se possível, você nos fornecer alguns relatos sobre esse trabalho realizado pela senhora.
Atenciosamente,
Sandra Portella