Por Maria Cristina Resende
Quando falamos em obra, podemos tomar este termo como uma imagem geral. Sendo esta todo o produto do nosso desenvolvimento pessoal/profissional/espiritual que se manifesta em algo.
“[...] criar é basicamente formar. É poder dar uma forma a algo novo. [...] novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos.” (Criatividade e Processos de Criação).
“[...] criar é basicamente formar. É poder dar uma forma a algo novo. [...] novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos.” (Criatividade e Processos de Criação).
Ao longo do mês de setembro falei em alguns locais sobre uma linha de pesquisa a qual tenho me dedicado que é compreender o processo de criação e a livre expressão em um ateliê de Arteterapia. Este tema tem sido objeto de muitas controvérsias internas, de muita busca teórica e com isso acaba por revelar alguns buracos teóricos que habitam minha trajetória acadêmica e de formação profissional.
Buscar
preencher esses buracos exige dedicação, estudo e principalmente abertura para
a desconstrução de perspectivas e pensamentos pré-definidos.
Dentro do ateliê de livre expressão e
experimentação o terapeuta pouco fala e muito observa, muito percebe os
movimentos de seu cliente. Precisa conhecer profundamente cada material, na
teoria e na prática, precisa saber como se dá um processo de transferência,
pois ele pode estabelecer uma ponte muito segura para o mergulho na criação ou
não. E desse processo estabelecido de forma negativa pode vir também a
dificuldade em realizar obras que capturem os conteúdo carregados
emocionalmente que precisam ser trabalhados no setting.
É
importante que o terapeuta descontrua a ideia da representação, pois nada é
representacional, mas sim uma manifestação existencial de algo que habita uma
camada de nossa psique que a arte tem o privilégio de acessar, ainda que nem
sempre acesse coisas bonitas.
“Eu acho que eles não deveriam olhar para, mas olhar passivamente e tentar receber o que a pintura tem a oferecer, não trazer uma questão ou uma ideia pré-concebida sobre o que é pra ser procurado. Eu acho que o direcionamento que o inconsciente faz significa muito ao olhar as pinturas. Eu acho que elas deveriam ser desfrutadas como uma música.” (Jackson Pollock).
“Eu acho que eles não deveriam olhar para, mas olhar passivamente e tentar receber o que a pintura tem a oferecer, não trazer uma questão ou uma ideia pré-concebida sobre o que é pra ser procurado. Eu acho que o direcionamento que o inconsciente faz significa muito ao olhar as pinturas. Eu acho que elas deveriam ser desfrutadas como uma música.” (Jackson Pollock).
Essas
idéias pré-concebidas que Pollock nos fala, são os modus operandi nos
quais nos moldamos ao longo de nossa vida, e assim como nosso cliente precisa
se esvaziar dessas ideias para começar um processo de criação autêntico e
singular, nós, enquanto terapeutas, precisamos da mesma busca na nossa
trajetória profissional. Se não mergulharmos no nosso processo de tensão-krísis-kaos-criação,
corremos o risco de tudo não passar de uma grande brincadeira de cortar e
colar.
E
esse mergulho, na Arteterapia, se dá através dos materiais de arte, das
possibilidades de criação através deles e da ampliação da percepção do fluxo
psíquico diante dessas possibilidades, deixar ser levado por materiais e
técnicas que antes nunca foram experimentados ou que nunca foram atraentes. Não
se preocupar com o que está sendo feito, mas como está sendo feito.
Alcançar
a “consciência do agido e do ato”. Essa deve ser a máxima dentro do processo de
nosso cliente e do nosso próprio processo existencial.
“[...] a arte é a consciência de algo de que, de outra forma, não se teria consciência: não há dúvida de que ela amplia a experiência que o homem tem da realidade e lhe abre novas possibilidades de ação. E o que é conscientizado pela consciência que se realiza na operação artística? O fenômeno enquanto fenômeno. A consciência ‘racional’ assume o fenômeno enquanto valor, mas no mesmo instante perde-o como fenômeno. A finalidade última de Kandinsky é levar o fenômeno enquanto tal à consciência, de fazê-lo ocorrer na consciência; como o fenômeno é existência, aquilo que se leva e se faz ocorrer na consciência é a própria existência. Esta é a função máxima da arte.” (ARGAN, Giulio. Arte Moderna. 5ª reimpressão. Ed. Companhia das Letras. 1998).
“[...] a arte é a consciência de algo de que, de outra forma, não se teria consciência: não há dúvida de que ela amplia a experiência que o homem tem da realidade e lhe abre novas possibilidades de ação. E o que é conscientizado pela consciência que se realiza na operação artística? O fenômeno enquanto fenômeno. A consciência ‘racional’ assume o fenômeno enquanto valor, mas no mesmo instante perde-o como fenômeno. A finalidade última de Kandinsky é levar o fenômeno enquanto tal à consciência, de fazê-lo ocorrer na consciência; como o fenômeno é existência, aquilo que se leva e se faz ocorrer na consciência é a própria existência. Esta é a função máxima da arte.” (ARGAN, Giulio. Arte Moderna. 5ª reimpressão. Ed. Companhia das Letras. 1998).
Yves Klein em seu "Salto no Vazio". Fotografia: Harry Shunk "Um Homem no Espaço! O Pintor do Espaço Lança-se no Vazio" (1960).
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