No dia primeiro de outubro é comemorado o dia internacional
do idoso e em atenção à esta data propus aos meus pacientes de arteterapia da
UIP/HAS* que fizéssemos a exposição “Cartaz
para o amanhã”. Inspirados na exposição “Poster
for Tomorrow” que esteve em cartaz até o dia 12 de outubro de 2014 na Caixa
Cultural do Rio de Janeiro, os pacientes produziram cartazes representando
alguma questão ética/política que os impactassem.
A inspiração se deu na descrição da exposição:
“O cartaz é a primeira peça
gráfica de comunicação urbana... No Brasil, há pouca tradição em cartazes... Pensando
na vocação democrática dessa peça gráfica, a organização sem fins lucrativos
Poster For Tomorow... partiu da ideia de mobilizar pessoas do mundo todo, para
criar cartazes com o fim de discutir e transmitir mensagens relacionadas aos
Direitos Humanos.” (Maiores informações: www.posterfortomorrow.org)
Contrariando possíveis crenças do senso comum de que o
idoso já deu sua contribuição à sociedade, que já disse o que poderia ter dito
ou que já não pode mais contribuir para o amanhã do nosso planeta, os clientes
da UIP exerceram através desta exposição sua micropolítica – aquela que
executamos a cada ato em nosso cotidiano. Em mês de plena discussão e eleição
em nosso país, demonstram que é possível exercer a cidadania e comprometimento
com a sociedade para além do ato de votar. E isto se deu através da arte, a qual ao longo de sua história,
por diversas vezes desempenhou a função
de posicionamento político (como por exemplo os movimentos dadaísta e
surrealista, tão explorados neste blog).
Nesta exposição ficou o convite para sua apreciação, mas
sobretudo o convite para que o expectador refletisse sobre suas possibilidades
de contribuição para o nosso amanhã.
Para nós arteterapeutas, destaco dois pontos que esta
experiência me despertou. Primeiramente, o grande potencial da arteterapia de
responder à sensação de invisibilidade social do “idoso” (do ser humano) pois
suas ideias, pensamentos e sentimentos são expressados e se tornam materiais,
portanto visíveis. Em segundo lugar, o grande potencial que a arteterapia tem
para se estabelecer como saber e técnica dentro de uma equipe multidisciplinar
e/ou instituição. Creio que este é um espaço ainda muito pouco alcançado por
nós, pois aonde já atuamos em muitas vezes é feito por voluntariado ou estágio.
Deixo aqui também o meu convite aos arteterapeutas que
reflitam sobre suas possibilidades de contribuição para o amanhã de nossa tão
linda profissão!
* Unidade Integrada de
Prevenção do Hospital Adventista Silvestre
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