Trabalho de aluna do Módulo I (com sua autorização)
Por Eliana Moraes e Flávia
Hargreaves
“... a arte pouco tinha a ver com
‘beleza’ e nada tinha a ver com contemplação estética ... : era um instrumento
mágico, uma arma da coletividade humana em sua luta pela sobrevivência.” (FISHER,
1981. P.45)
Em
maio de 2014, com muito orgulho, concluímos a primeira e iniciamos a segunda
turma do curso: “Arteterapia, História
da Arte para quê? Módulo I”, que trata da arte pré-histórica e primitiva
articuladas à prática da Arteterapia. Mais uma vez tivemos a oportunidade de
constatar a riqueza deste material como disparador de processos terapêuticos
tanto individuais como em grupo, percebendo claramente a identificação com
nossos ancestrais mais remotos em padrões de comportamento, angústias e temores
contemporâneos.
“[... ] ao recriar as formas em
nossa percepção, nós as modificamos subjetivamente, com nosso enfoque
vivencial, projetando nossas experiências e nossos valores para a época e
mentalidades diferentes das nossas. Apesar de todas essas distorções
inevitáveis, entretanto, ainda resta um núcleo central de significados. É justamente no sentido mais essencial da
arte, no sentido de valores e da ampliação de estados de consciência, que os
desenhos pré-históricos nos enriquecem e nos comovem, a ponto de parecer-nos
atuais para nossos problemas existenciais hoje. Encontramos, nessas
imagens, o ser humano que desde o início se defronta com a dimensão de sua
consciência. Ele se percebe e sabe da própria condição humana.” (OSTROWER, 1983.
p.298. grifo nosso)
A
História da Arte nos oferece recursos para amplificar ideias, conceitos, afetos
e imagens ao ampliar as questões e as demandas do cliente à uma dimensão para
além da história individual e familiar, relacionando-as ao Humano. Esta
humanidade que se revela ao longo dos milênios através de imagens. Entrar em
contato com este homem pré-histórico significa entrar em contato com o momento
em que o homem se percebe no mundo, capaz de transformar a natureza em algo que
lhe é útil, criando novas formas, funções e significados. São os primeiros
passos em direção à civilização, à cultura e à arte.
“Essa magia encontrada na própria
raiz da existência humana, criando simultaneamente um senso de fraqueza e uma
consciência de força, um medo da natureza e uma habilidade para controlá-la,
essa magia é a verdadeira essência de toda a arte. O primeiro a fazer um
instrumento, dando nova forma a uma pedra para fazê-la servir ao homem, foi o
primeiro artista. O primeiro a dar um nome a um objeto, a individualizá-lo em
meio a vastidão indiferenciada da natureza, a marcá-lo com um signo e, pela
criação linguística, a inventar um novo instrumento de poder para os outros
homens, foi também um grande artista. O primeiro a organizar uma sincronização
para o processo de trabalho por meio de um canto rítmico e a aumentar, assim, a
força coletiva do homem, foi um profeta na arte. O primeiro caçador a se
disfarçar, assumindo a aparência de um animal para aumentar a eficácia da
técnica da caça, o primeiro homem da idade da pedra que assinalou um
instrumento ou uma arma com uma marca ou um ornamento, o primeiro a cobrir o
tronco de uma árvore ou uma pedra grande com uma pele de animal para atrair
outros animais da mesma espécie – todos esses primeiros foram os pioneiros, os
pais da arte.” (FISCHER, 1981. p.42)
Em
breve estaremos iniciando o segundo módulo: Antiguidade Clássica e Classicismo,
seguindo a jornada deste homem no caminho da civilização.
“Ao se afastar, mais do que os
outros animais, das condutas determinadas pela espécie, ao quebrar laços
instintivos que determinam sua conduta, o homem passou a estar condenado a
própria liberdade: ele deve agora limitar a si mesmo, deve construir para si
mesmo as determinações antes impostas pela natureza. Era este o sentido da
palavra liberdade quando surgiu na Grécia antiga. [...] O homem é um ser que
cria limitações para si mesmo. Sua grande liberdade é dizer não a si mesmo.”
(MOSÉ, 2012. P.28).
Curso:
Arterapia: História da Arte para quê?
Módulo 1: Pré-história e primitivismo
Módulo 2: Antiguidade clássica e classicismo
Informações e inscrições: elianapsiarte@gmail.com
Referências Bibliográficas:
FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. 8ª ed. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1981.
MOSÉ, Viviane. O Homem que sabe. 4ªed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2012.
OSTROWER, Fayga. Universos da
Arte. Rio da Janeiro: Editora Campus, 1983.
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