Tenho estudado sobre o movimento surrealista e tenho me encantado com as possibilidades que as técnicas deste movimento trazem para o setting arteterapêutico! Deixo aqui minha sugestão aos arteterapeutas que se aprofundem neste tema (aliás, na História da Arte como um todo, que creio eu ser uma lacuna nos nossos estudos).
Liderado pelo
poeta André Breton, seu primeiro manifesto é lançado em 1924, ao qual revelava
a total influência dos estudos de Sigmund Freud, que na época cunhava a teoria psicanalítica.
Os artistas em suas produções faziam livre uso de conceitos como o
inconsciente, a importância do mundo onírico e o uso da técnica fundamental da
psicanálise: a associação livre. As obras deste movimento trazem um sentido de
afastamento da realidade comum e têm um caráter anti-racionalista.
Interessante ressaltar que nesta
época os artistas estavam tomados com o horror da I Guerra Mundial. Assim como
os artistas do movimento “Dada”, suas obras refletem seu questionamento “para
onde a razão nos levou?”, seus posicionamentos
opostos às tendências construtivas e formalistas na arte e das tendências
ligadas ao chamado “retorno à ordem”.
Como crítica à racionalidade burguesa, os
artistas valorizavam o imaginário, o fantástico e os sonhos. Buscavam a idéia
de acaso e escolha aleatória. Para isto, lançavam mão de variados procedimentos
e métodos com o intuito de driblar os controles conscientes e a liberação de
imagens e impulsos primitivos.
Nas artes plásticas, o automatismo
amplamente explorado na linguagem falada e escrita buscou técnicas que
permitissem a criação livre de imagens como, por exemplo, o desenho automático
e a pintura com areia utilizadas por Andre Masson. Outro caminho explorado
foram os desenhos colaborativos como o jogo cadavre
exquis, que serviram de isnpiração para algumas obras de Joan Miró. Max
Ernst desenvolveu o frottage onde
decalcava texturas de madeira, folhas e objetos transformando-as em novas
imagens. Na segunda década do movimento os artistas voltam seu interesse para os
sonhos e a produção de pinturas oníricas. Nesta fase, destacam-se Salvador
Dali, René Magritte, Max Ernst e Yves Tanguy.
Sobre estes procedimentos e métodos, a
medida que avancem os estudos,
pretendo continuar escrevendo textos como sugestões de reflexões,
teorias e técnicas que podem ser
utilizadas no trabalho do arteterapeuta. Aguardem!
* Este texto foi escrito juntamente com minha parceira de estudo e trabalho Flavia Hargreaves - Arteterapeuta e Professora de Artes Visuais
* Quadro "A Metamorfose de Narciso" de Salvador Dali
* Quadro "A Metamorfose de Narciso" de Salvador Dali
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