Por Eliana
Moraes – MG
naopalavra@gmail.com
@naopalavra
Abre-se 2023 e com ele um tempo de celebração: neste ano o blog Não Palavra completa 10 anos de atividade! Foi no ano de 2013 que intuitivamente criei esse espaço para que pudesse registrar meu percurso de estudo e escrita em Arteterapia, como um diário de bordo, de organização e estruturação dos meus pensamentos. Ao longo desses 10 anos o blog passou por algumas fases em seu desenvolvimento, tornando-se desde 2016, com o Não Palavra abre as portas, um espaço colaborativo, com a proposta de compartilhamento de ideias, reflexões, estudos e práticas de arteterapeutas de todo o Brasil.
O Não Palavra Arteterapia, que nasceu com o blog, com o tempo foi se ampliando. Dos textos postados, nasceram as palestras e cursos presenciais no Rio de Janeiro. Da consolidação dos estudos no RJ ampliamos para encontros mensais em São Paulo, em parceria com a querida Regina Rasmussen do Espaço Crisântemo. Da rede de terapeutas vinculada em SP, em tempos de pandemia ampliamos nossos territórios para além dos limites da geografia através dos encontros online.
Dos encontros teóricos-vivenciais ampliamos para a produção literária em Arteterapia. Atualmente contamos com três livros publicados: “Pensando a Arteterapia” Volumes 1 e 2, de minha autoria, e “Escritos em Arteterapia – coletivo Não Palavra”, a primeira compilação de textos de colaboradores do blog. Outros dois livros estão no forno: “O Pensando a Arteterapia” Volume 3 e “Rumo ao Belo Interior – Da Arte Moderna à Arteterapia”. Ainda no campo da escrita, em 2023, lançaremos o Não Palavra Acadêmico, uma série de propostas de capacitação aos arteterapeutas à produção acadêmica e científica em parceria com o projeto Gesto, de Mariana Farcetta.
Mais um passo: de um espaço de promoção ao desenvolvimento do arteterapeuta, ampliamos nosso campo de atuação com o projeto Atendimento Social do Não Palavra sob a coordenação de Milena Medeiros. Com uma proposta bastante estruturada pela coordenadora, abrimos a possibilidade de atendimentos para que pessoas que tenham o desejo de vivenciar um processo arteterapêutico, mas que por algum motivo não possam pagar o valor formal de sessão. No momento presente o projeto conta com 4 arteterapeutas atuantes.
Hoje o Não Palavra Arteterapia consolidou-se como uma rede colaborativa, com variadas frentes para nos dedicarmos à Arteterapia como prática, saber e profissão. Em especial, no último ano, compreendemos com mais clareza e consciência o lugar que ocupamos como um espaço de contribuição à formação continuada do arteterapeuta: aquela que, após a conclusão do curso de formação, permanece de maneira autônoma e responsável pelo arteterapeuta enquanto estiver em atividade.
Pessoalmente, tenho investido, através da produção de conteúdos, textos
e encontros, na consolidação do Não Palavra Arteterapia como um território
embasado no quadripé que sustenta o arteterapeuta, composto por sua terapia
pessoal, supervisão, estudo teórico (individual e grupal) e em específico, por
espaços em que o arteterapeuta tenha uma experiência pessoal com os materiais,
seu processo criativo e sua produção simbólica. Nestas experiências, sabemos
que não estamos sozinhos, estamos em rede, de posse do nosso vínculo grupal,
crescendo juntos como arteterapeutas, em uma grande roda. Pois como nos diz
Beatriz Cardella:
Diferente de outros profissionais, o
psicoterapeuta muitas vezes inundado pela intensidade e pela complexidade de
suas vivências junto aos seus pacientes, conta apenas consigo mesmo para
elaborá-las e atravessá-las…
Embora possa contar com seu próprio terapeuta e
com supervisores, observo que o compartilhamento com colegas, ou seja, o
pertencimento a uma comunidade, possibilita a apropriação de suas dúvidas,
angústias, problemas, conflitos, descobertas, conquistas, inseguranças,
encantamentos, conhecimentos e sabedorias, tornando-as experiências e
contribuindo para a constituição de senso de si mesmo.
Compartilhar com colegas estabelece uma rede de
sustentação e uma comunidade de destino, apaziguando tensões, ajudando a dar
significados e sentidos em suas vivências, olhando-as de múltiplas e
diferentes perspectivas e abrindo possibilidades e esperanças.
O compartilhamento de experiências e o
confronto com as diferenças possibilita, paradoxalmente, o desenvolvimento
do autossuporte no exercício da profissão, já que nos constituímos sempre
em presença do outro. (CARDELLA, 2020, 271-272)
Neste texto que abre 2023, expresso toda minha gratidão a cada pessoa que fez parte desses 10 anos de Não Palavra, de forma direta ou indireta. Não consigo mensurar quantas pessoas já passaram pelos nossos territórios, mas sopro um vento de bem-aventurança à cada uma delas neste dia especial. Abrimos a roda também para todos aqueles que estão por chegar. Todos são bem-vindos!
Gratidão pelos 10 anos de Não Palavra! E que venham os próximos 10!
Referência:
CARDELLA, Beatriz Helena Paranhos. De volta para casa: ética e poética na clínica gestáltica Contemporânea. Editora Amparo, SP. 2020
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Sobre a autora: Eliana Moraes