Por Eliana Moraes
Trabalho com o público da 3ª idade desde 2011 na UIP/HAS – Unidade Integrada de
Prevenção do Hospital Adventista
Silvestre, no Rio de Janeiro, sendo este um núcleo de acompanhamento ao envelhecimento dos idosos do plano Silvestre Saúde. Lá, juntamente com equipe
composta por geriatras, nutricionistas, fisioterapeutas e enfermeiros, trabalho
como psicóloga e arteterapeuta. Nesta equipe pude aprender sobre a grande
importância da estimulação cognitiva no trabalho com idosos para que mantenham
o cérebro ativo, o que coopera para a prevenção dos declínios cognitivos tão
característicos da idade, o mais conhecido o Alzheimer. Aprendi que não se pode
pensar no trabalho com o público idoso sem levar em consideração as questões
referentes à cognição, seja para tratamento ou prevenção.
Em oficinas e aulas de memória, as
atividades mais utilizadas são jogos, palavras cruzadas, sudokus... enfim, em
geral exercícios que estimulam o pensamento lógico, matemático e linguístico.
De fato, são tarefas que desafiam a mente e a desperta da preguiça. Mas vale
ressaltar que elas têm a condicional da escolaridade e conhecimentos prévios do
paciente. Além disto não podemos nos esquecer que estas são apenas algumas
funções cognitivas que merecem ser exploradas.
Exercícios que estimulam o lado direito do cérebro acessando a criatividade apresentam uma riqueza de possibilidades para estímulos cognitivos, além de propiciar o aprendizado de novas atividades. Neste contexto, minha prática tem me mostrado como a arteterapia pode ser um excelente instrumento para a estimulação cognitiva. Como afirmei em um tento anterior neste blog, chamado “Arteterapia e 3ª idade”:
Exercícios que estimulam o lado direito do cérebro acessando a criatividade apresentam uma riqueza de possibilidades para estímulos cognitivos, além de propiciar o aprendizado de novas atividades. Neste contexto, minha prática tem me mostrado como a arteterapia pode ser um excelente instrumento para a estimulação cognitiva. Como afirmei em um tento anterior neste blog, chamado “Arteterapia e 3ª idade”:
“A arteterapia... não necessita de
conhecimentos prévios e pode ser adaptada à dificuldade e ao potencial do
paciente. Já inicialmente ela trabalha a coordenação motora de pacientes com
neuropatias ou artrite e artrose, por exemplo. Faz com que o paciente saia do
que ‘já é conhecido’ para o cérebro e proporciona o aprendizado de novas
atividades. Além disto é um excelente estímulo quando a partir de uma proposta,
o paciente busca soluções ao criar (formas, cores, equilíbrio, etc), ao
elaborar um conceito e se esforça para planejar uma estratégia de execução a
partir dos mais variados materiais e tudo aquilo que cada um deles pode
demandar.”
Neste ano tenho proposto mais
trabalhos de escultura e modelagem. Tenho percebido como esta linguagem da arte
é bastante desafiadora para estes pacientes. É desconhecida, fora de suas zonas
de conforto. Exige elaboração de uma ideia e estratégia para executá-la. Demanda
esforço cognitivo na busca da forma e do equilíbrio. Os pacientes realmente
precisam “exercitar o cérebro” para execução destes trabalhos.
Uma das propostas foi inspirada no
artista Alexander Calder (1898 –
1976) escultor americano famoso por seus móbiles e esculturas de arame. A
imagem acima deste texto é um de seus trabalhos. Abaixo, fotos de trabalhos de
pacientes idosos, participantes de grupos de arteterapia, aos quais autorizaram
divulgação da imagem.
Conhecendo a história de Calder e inspirando-se em sua obra, os pacientes puderam explorar as
formas e cores disponibilizadas em arames e placas de EVA, produzindo suas
próprias esculturas ou móbiles. Notoriamente foi uma experiência bastante
desafiadora para os pacientes, tanto terapeuticamente no que se refere ao
simbolismo da obra pronta e o que foi vivenciado durante o ato criativo, quanto
a todo estímulo que a técnica pôde provocar cognitivamente.